'NÃO COLOCARIA NENHUMA VACINA SOB SUSPEITA' , AFIRMA PRESIDENTE DA FIOCRUZ
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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) prevê entregar 210,4 milhões de doses da vacina contra covid-19 no próximo ano, segundo Nísia Trindade Lima, presidente do laboratório público, vinculado ao Ministério da Saúde. Ela reconhece, porém, que a imunização da população contra o novo coronavírus deve se estender até 2022. Nísia é uma entusiasta do Plano Nacional de Imunização, do qual a Fiocruz é responsável pela produção de 10 das 19 vacinas. Neste sentido, mesmo a instituição que lidera tendo acordo de produção com laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, não embarca em disputas políticas na corrida pelo imunizante. Sobre a demora na divulgação da eficácia na testagem da Coronavac, do Instituto Butantã e da chinesa Sinovac, é categórica: “Eu não colocaria nenhuma vacina sob suspeita”.
A partir da publicação de artigos em revistas científicas e da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Nísia diz que é certo que os imunizantes foram checados por especialistas independentes: “Todas as vacinas que forem registradas são seguras, com diferentes porcentuais de eficácia, mas certamente com a possibilidade de evitar o adoecimento, a morte, que é uma grande preocupação”.
Demonstra cautela quando provocada a falar sobre os limites do teto de gastos públicos para o combate à pandemia da covid-19, apontando que a sociedade terá que se debruçar sobre a questão do aumento do financiamento para saúde e áreas correlatas. E considera legado importante, o forte apoio do setor privado. “Nós criamos o site Unidos Contra a Covid para receber doações, tivemos um apoio de mais de R$ 400 milhões de pessoas físicas e empresas – apoio da iniciativa do Todos pela Saúde,” afirmou à repórter Paula Bonelli.
Nísia é uma estudiosa da história da saúde pública no Brasil, com doutorado em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Sua experiência prática recente inclui a construção de rede de emergência para enfrentar crises como zika e febre amarela. Aos 62 anos, acaba de ser a mais bem votada na lista tríplice dos servidores da Fiocruz para outro mandato de quatro anos. No último páreo, em janeiro de 2017, Nísia também ficou em primeiro lugar, mas o então ministro da Saúde, Ricardo Barros, do governo Michel Temer, escolheu a segunda colocada. A mobilização de cientistas e servidores reverteu o quadro e Nísia acabou sendo nomeada.
Confira entrevista completa no Estadão.
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