Ouvido pelo Agora RN, o presidente do sindicato da categoria, José Edilson Silva, o Edson Shampoo, afirmou que nem abrindo mão de um reajuste salarial em favor da manutenção de 79 cláusulas do acordo coletivo da categoria construídas ao longo dos últimos 30 anos, a empresa cedeu.
“Questões como o pagamento do plano de saúde, que já foi integralmente dado pelos Correios aos trabalhadores, que hoje pagam a metade e cuja proposta da empresa é para que paguem integralmente, estão entre as muitas pautas debatidas”, afirmou.
Sobre os atrasos nas entregas dos Correios, ele atribuiu a interdição temporária de vários Centros de Triagem distribuídos por diferentes bairros de Natal toda vez que se descobria um novo caso de coronavírus entre os funcionários, obrigando a paralisação por 48 dos serviços e a desinfecção do local.
“Isso aconteceu em seis Centros de Distribuições (CDDs) de Natal e Mossoró, entre eles Parnamirim, Ribeira e na Cidade da Esperança”, afirma Shampoo.
Segundo o sindicalista, outro problema que contribuiu para travar os serviços foi o total descaso da direção dos Correios com o fornecimento de equipamentos de proteção individuais (EPIs) aos trabalhadores e a adequação dos espaços aos protocolos sanitários.
Posição dos Correios
Num longo texto distribuído à imprensa neste fim de semana, a direção dos Correios argumenta que as alterações propostas aos trabalhadores buscaram nivelar a categoria para se aproximar mais das regras da CLT.Segundo a mensagem, o pacote teria a capacidade de gerar uma economia de mais de R$ 600 milhões ao ano para a empresa.
Acrescenta que uma paralisação neste momento terá grande impacto no segmento de comércio eletrônico, que está em alta histórica desde o início da pandemia quando empreendimentos tiveram que se digitalizar e comercializar produtos pela internet já que o envio de mercadorias e itens pessoais entre familiares distantes também virou algo recorrente durante a quarentena.
Em outro trecho do texto, a direção dos Correios afirma que a recusa das entidades em compreender a situação da empresa provocou reações impróprias, fazendo “representantes sindicais iniciaram a veiculação de diversas comunicações inverídicas, provocando confusão nos empregados acerca dos termos da proposta”.
Ainda segundo o posicionamento oficial dos Correios, não procede a afirmação de que a empresa propõe modificar os termos do plano de saúde dos empregados e que se trata apernas de uma adequação do texto referente às obrigações da empresa.
Afirma, ainda, que os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados, uma vez que eles são garantidos por lei. E que a proposta buscaria apenas ajustar benefícios concedidos à categoria.
Sobre a supressão do vale-refeição, a empresa argumenta que, “nos termos vigentes, sua concessão extrapola a jornada laboral, alcançando o recesso semanal e as férias dos empregados. O que a empresa propõe é a redução do benefício de forma a contemplar apenas os dias efetivamente trabalhados”. E acrescenta que a proposta, caso prospere, representará para os Correios uma economia da ordem de R$ 20 milhões mensais.
Já sobre a adequação da remuneração de férias, atualmente em 2/3 de adicional ao salário, “quando a CLT garante ao trabalhador 1/3 de incentivo no período de descanso”, essa economia para a empresa será de R$ 600 milhões ao ano.