A Aids é uma doença ainda incurável, mas, graças ao avanço da medicina, pode ser controlada com medicamentos. Cientistas seguem buscando formas de enfrentar a infecção pelo HIV, e uma das estratégias promissoras é a estimulação do sistema de defesa do corpo humano.
Com esse objetivo, pesquisadores americanos desenvolveram um agente imunógenoque consegue ativar a produção de um grupo de anticorpos que lutam contra o vírus.
As descobertas foram publicadas na última edição da revista especializada Science e podem contribuir para o desenvolvimento de uma vacina.
“A razão pela qual não temos uma vacina é porque o sistema imunológico não deseja produzir o tipo de anticorpos necessários para neutralizar o vírus. Esse trabalho é uma prova de conceito de que podemos projetar o sistema para criar um ambiente em que os anticorpos certos possam ser produzidos”, destaca, em comunicado, Barton F. Haynes, diretor do Duke Human Vaccine Institute (DHVI), nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.
Haynes e colegas levaram anos de pesquisa para identificar os anticorpos neutralizantes (bnAbs), células de defesa que surgem em soropositivos. Segundo a equipe, ocorre um problema no sistema imunológico quando o corpo é infectado pelo vírus. Ele passa a identificar alguns bnAbs como um perigo e, com isso, células de defesa desligam a produção desses anticorpos.
Outro problema é que os bnAbs requerem mutações raras em sua composição genética, o que ocorre com pouca frequência. Os pesquisadores rastrearam essas mutações relevantes. Em seguida, desenvolveram uma proteína para ativar a produção dessas alterações raras. Em testes com ratos, a proteína conseguiu estimular a produção dos anticorpos neutralizantes. Em uma nova etapa do estudo, os investigadores deram foco a uma segunda linhagem de bnAbs, que também está relacionada às mutações raras. Eles desenvolveram um segundo imunogênico, que foi testado em macacos, e obtiveram os mesmos resultados.
Para a equipe, esse novo sistema facilita o desenvolvimento de uma vacina contra a Aids. “Identificamos as mutações necessárias para combater o HIV que o sistema imunológico não produz facilmente.
Agora, podemos projetar uma vacina capaz de estimulá-las. Mostramos que podemos superar esse grande obstáculo. Sem a seleção adequada de antígenos, podem ser necessárias várias décadas de análises para obter anticorpos eficazes. Podemos acelerar esse cronograma projetando imunógenos que consigam estimular as mutações que são essenciais para a formação dessas células de defesa”, diz Kevin Saunders, também autor do estudo.