O ABC chegou ao seu 12º jogo seguido sem vitória na Série B do Campeonato Brasileiro. O Alvinegro perdeu do Tombense por 3 a 0, nesta quinta-feira (7), fora de casa. A partida marcou a estreia do técnico Argel Fuchs no comando do time potiguar. Os gols da partida foram marcados por Fernandão, no primeiro tempo, enquanto Matheus Frizzo e Alex Sandro deram números finais ao confronto na segunda etapa. Com a derrota, o ABC segue na última posição do campeonato, com 16 pontos conquistados após 27 rodadas. O time está a 11 pontos do primeiro fora da zona de rebaixamento, o Avaí. Já o Tombense chega aos 25 pontos e pode sair da área de descenso na próxima rodada. O ABC volta a campo na próxima sexta-feira (15), em partida contra o Sport, no Frasqueirão. O confronto está marcado para as 21h30.
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BRASIL TEM 23 MIL TESTES DE CORONAVÍRUS À ESPERA DO RESULTADO
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Ministério da Saúde orienta que só pacientes suspeitos com quadro grave sejam testados Lindsay Wasson / Reuters
O Brasil tem ao menos 23,6 mil testes do novo coronavírus (Sars-CoV-2) ainda à espera do resultado. Esse número é 3,4 vezesmaior que o total de casos confirmados (6,9 mil) no balanço das Secretarias de Saúde, atualizado às 7h40 desta quinta-feira (2). Para especialistas ouvidos pelo G1, tal discrepância indica que pode haver muito mais gente com a doença Covid-19 no país.
Essa subnotificação de registros tem duas causas:
a falta de testagem maciça no Brasil;
e a demora para finalizar essas análises já iniciadas mas não concluídas.
Pesquisadores explicam que esse cenário – quantidade de kits insuficiente e gargalo na hora de analisar as amostras coletadas – dificulta a realização de cálculos que mostrem o real avanço do surto por aqui. E fazem um alerta: como o Ministério da Saúde recomenda que sejam testados apenas pacientes graves, existe a chance de ser considerável o percentual de "positivos" nesse universo de pessoas já submetidas ao exame.
O G1 procurou as Secretarias de Saúde de todos os Estados e do Distrito Federal para saber quantos testes estão na fila. Apenas nove responderam: Acre, Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo (veja os números na tabela abaixo).
O RJ, segundo estado com mais casos e mais mortes, não informou os números até a última atualização desta reportagem.
Fila de testes
Estado
nº de testes aguardando análise
nº de casos confirmados
Acre
68
43
Alagoas
100
18
Ceará
1.840
445
Espírito Santo
674
120
Minas Gerais
3.856
314
Paraíba
100
21
Pernambuco
0
95
Rio Grande do Norte
1.000
92
São Paulo
16.000
2.981
Total
23.638
4.085
Fonte: Secretarias de estado da saúde
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou mais de dez tipos diferentes de testes para detectar o coronavírus. Eles podem levar de 15 minutos (com uma picada no dedo para tirar o sangue) ou até sete dias (com uma coleta de material do nariz e da faringe por meio de cotonete). Clique aqui para ler mais sobre os testes.
Ao G1, pesquisadores de três grupos de monitoramento da pandemia no país — cada um com uma metodologia distinta — admitiram que a possível tendência de queda de contágio pode não retratar a realidade, tamanha a subnotificação.
"O número de casos notificados é muito afetado pela capacidade de processamento dos testes diagnósticos", afirmou Roberto Kraenkel, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). “Como há represamento, poucos testes ficam prontos, e o número de casos fica artificialmente pequeno."
O físico é integrante do Observatório Covid-19 BR, que reúne pesquisadores de outras seis instituições – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade de Berkley (nos Estados Unidos) e Universidade de Oldenburg (na Alemanha).
Essa avaliação de que o número de casos deve ser significativamente maior é compartilhada por equipes do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS), que agrega cinco instituições, e do MonitoraCovid-19, da Fiocruz.
Testes e subnotificação
Em entrevista coletiva nesta quarta, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou: "Prestem atenção que o número de casos confirmados – a partir desta semana, eles vão começar a ter um aumento. O que significa esse aumento? A testagem que está represada, (...) estamos começando a fazer algumas máquinas em automático, vai chegar um momento [em] que vamos ter megamáquinas automatizadas, e esses números vão crescer muito".
Ele acrescentou: "O número de casos está muito menor que o número de casos [real] que está circulando dentro da nossa sociedade". De acordo com o ministro, "provavelmente hoje a gente já estaria em espiral de casos mesmo fazendo esse isolamento [distanciamento social]".
De acordo com o NOIS, a pandemia no Brasil evolui "de forma mais controlada" em comparação com uma "cesta de países" – China, Coreia do Sul, Irã, Alemanha, Itália, Espanha, França e Estados Unidos.
"No entanto, por mais que as medidas de contenção tenham sido tomadas logo no início da epidemia, o que se mostrou eficaz para outros países, não se pode atribuir o crescimento mais lento do Brasil exclusivamente a este fato", ponderam os pesquisadores.
"Outros fatores podem estar contribuindo [para o ritmo mais lento de contágio no Brasil com relação a outros países], como as subnotificações e o baixo número de testes."
Eles detalham: "Um exemplo da influência destes fatores pôde ser visto no dia 31 de março, quando o Brasil apresentou um aumento de 25% em comparação ao dia 30 de março, sendo que em São Paulo esse aumento foi de 54%".
O tema da subnotificação foi abordado por Helio Gurovitz em seu blog no G1 nesta quarta: "faltam testes, mesmo para os casos graves". "Todo número, portanto, não passa de uma ilusão", escreveu.
Dificuldade para testar em SP
Alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm problemas para testar casos suspeitos de coronavírus, mesmo seguindo a recomendação do Ministério da Saúde de fazer testes apenas nos pacientes mais graves.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, cerca de 1,2 mil testes chegam por dia ao laboratório Adolfo Lutz.
"Hoje, nós temos um limite de 400 testes por dia no Adolfo Lutz", afirmou nesta segunda-feira (30) Paulo Menezes, coordenador de Controle de Doenças de São Paulo, nesta segunda (30).
"A partir da semana que vem, nós vamos ampliar no Lutz pra 1,8 mil testes por dia. Vamos contar também com o Instituto Butantan produzindo mais mil testes por dia e, em 15 dias, nós conseguiremos atingir 10 mil testes por dia no estado de São Paulo para o SUS [Sistema Único de Saúde]."
Nesta quarta, uma reportagem do G1 relatou que o Instituto Butantan aguarda há uma semana a certificação para começar a realizar testes. A certificação tem de ser dada justamente pelo Adolfo Lutz, que é vinculado à Secretaria Estadual de Saúde. Também nesta quarta, o instituto autorizou mais três laboratórios do interior de São Paulo a fazer os exames.
Subnotificação de 1 para 50 no RJ
A Prefeitura do Rio de Janeiro estima que os casos de coronavírus já passem de 4 mil na cidade, por conta do número reduzido de testes e das subnotificações.
Segundo ele, a quantidade de testes irá aumentar no Rio nas próximas semanas – um lote de 400 mil kits deve chegar em breve ao estado.
Santos avalia que, mesmo considerando a taxa atual de testagem, as medidas restritivas contra o coronavírus começam a dar sinais positivos no estado e estão "achatando a curva" de contágio.
"Já salvamos mil vidas que poderiam estar na projeção da morte com esse movimento da curva que conseguimos juntos", disse ele ao Bom Dia Rio.
Também há dificuldades no processamento de kits em outras regiões do país:
em Rondônia, os exames que atestam o novo coronavírus pararam de ser feitos por conta da instabilidade de fluxo aéreo que afeta o país. Com isso, novos kits ainda não chegaram a Porto Velho.
Um dados extraídos pelo Observatório Covid-19 BR dos boletins diários do Ministério da Saúde é o tempo de duplicação da pandemia no Brasil — ou seja, quanto tempo demora para duplicar o número de infectados.
Esse número, no entanto, deixou de ser divulgado pelo grupo — e um comunicado no site explica por quê.
"No momento, não é possível estimar tempos de duplicação da epidemia, pois há um enorme acúmulo de testes moleculares sem resultados. Essa demora faz com que os números disponíveis publicamente cresçam de maneira artificialmente lenta", afirmam os pesquisadores no comunicado.
“A evolução dos números oficiais informa hoje sobre a dinâmica de notificação, não da epidemia. Seria irresponsável seguir divulgando medidas de propagação da epidemia no Brasil com esses números”, concluem.
Mas o físico Roberto Kraenkel, da Unesp, faz uma ressalva: o freio também pode estar relacionado às medidas restritivas.
"A curva do tempo de duplicação é pouco informativa neste momento. Há demora de notificações, por um lado, e medidas de afastamento social já há uma semana. Qual é mais importante para o tempo de duplicação de casos confirmados, ninguém ainda sabe", pontuou o pesquisador.
Taxa de contágio ficou mais lenta, diz Fiocruz
De acordo com o estudo do MonitoraCovid-19, a taxa de duplicação subiu no Brasil subiu de 2,8 dias para 4,7 dias entre segunda e terça.
"Nós utilizamos um modelo exponencial para este cálculo, truncando os dados até a data da maior incidência. A queda do número de casos após esta data no Brasil pode estar mais relacionada a uma menor disponibilidade de testes do que a uma queda efetiva do número de infectados”, explicou Raphael Saldanha, cientista de dados da Fiocruz, sobre a taxa divulgada na terça.
Diogo Xavier, que também é um dos responsáveis pelo projeto, diz que por ora o grupo está monitorando a tendência de queda na curva de novos casos de Covid-19, mas as informações que disponibilizadas apontam um modelo de crescimento.
Segundo ele, ainda está sendo criado um "indicador que aponte a variação dos dias para dobrar casos e óbitos diariamente".
*Com G1 SP, G1 AC, G1 AL, G1 CE, G1 ES, G1 MG, G1 PB, G1 PE e G1 RN
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