O Rio Grande do Norte registra problemas de erosão em praticamente toda a costa, mas em 39 praias a situação exige atenção por causa aceleração do processo e também porque conta com conjuntos de ocupações urbanas. O número corresponde a cerca de 60% do litoral potiguar, segundo o professor Venerando Amaro, do Departamento de Engenharia Civil da UFRN, que estuda as causas e consequências dos problemas relativos ao processo erosivo no Estado.
Nesta quarta-feira (21), uma audiência pública foi promovida pelo deputado estadual Neilton Diógenes (PL) para debater o tema. Em todo o litoral do RN, segundo o professor Venerando Amaro, as causas para o problema são variadas, mas a redução do aporte de sedimento (areia na praia), o uso desordenado e não planejado da orla e as mudanças climáticas mundiais. São os principais fatores que contribuem para o cenário que se tem atualmente.
“Alguns municípios têm taxas de erosão de mais de 1,5 metros por ano, como é o caso de Natal, Maxaranguape, Baía Formosa, Tibau do Sul, Grossos, Areia Branca, Guamaré, São Bento do Norte e Caiçara do Norte. Todos esses locais têm ocupações humanas e, por isso, são as áreas de maior risco”, explica o professor.
Na avaliação de Amaro, falta monitoramento por parte das gestões públicas no Estado, medida que impede, segundo ele, a efetivação de soluções. “Não temos a responsabilidade dos gestores, no sentido de coletar informações apropriadas para a tomada de decisões. Para se ter uma ideia, o maior problema em relação ao processo erosivo é a onda e a gente não tem dados sobre isso no estado”, diz.
Segundo o professor, as medidas para reduzir os riscos em relação ao problema variam de acordo com a localidade onde a erosão ocorre. No caso da Praia de Ponta Negra, indica, a engorda é a solução. “Ali é uma área onde há uma grande cidade instalada, então, a solução mais apropriada é a engorda. Mas, em cada lugar, a gente precisa avaliar vários elementos para poder chegar a melhor solução, que pode ser a construção de um muro de contenção para impedir que o mar alcance as construções, por exemplo”, diz.
“Outra medida, é mover as pessoas para áreas diferentes. Algumas dessas regiões contam com muitas casas de veraneio. Seria mais fácil remover as casas do lugar e realizar alguma obra de adequação, mas não uma engorda”, finaliza o professor.