No maior volume em 20 meses, a produção da indústria de veículos terminou julho marcando crescimento de 33,4% em relação ao mesmo período de 2021. Frente a junho deste ano, a alta foi de 7,5%, conforme balanço divulgado nesta sexta-feira (5), pela Anfavea, a associação que representa as montadoras.
Entre carros de passeio e utilitários leves, como picapes e vans, caminhões e ônibus, 219 mil unidades foram produzidas no mês passado, número mais alto desde novembro de 2020 (238,2 mil).
A irregularidade no fornecimento de peças ainda persiste, sendo responsável no mês passado por paradas, de parte ou toda a produção, em fábricas de marcas como Volkswagen, Nissan, Renault e Mercedes-Benz (caminhões). A reabertura do porto de Xangai, após restrições que, entre abril e maio, congestionaram o transporte internacional de mercadorias, trouxe, porém, um alívio ao fluxo de peças.
No acumulado desde o primeiro dia do ano, a queda de produção nas montadoras foi reduzida a 0,2% na comparação com igual período de 2021, somando agora 1,31 milhão de unidades.
Vendas de veículos sobem 3,7%
Com a melhora na oferta de carros no mercado, as vendas de veículos subiram 3,7% no mês passado, quando comparadas a julho de 2021. Nos últimos 12 meses, esta foi a primeira vez que as vendas de veículos subiram na comparação de um mês com igual período do ano anterior.
No total, 182 mil carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus foram entregues no mês passado, número que também corresponde a uma alta, de 2,2%, em relação a junho e, na média diária (8,7 mil), o melhor ritmo de vendas mostrado, até agora, em 2022.
Os resultados da indústria de veículos foram divulgados nesta sexta-feira, 5, pela Anfavea, a associação que representa as montadoras.
No acumulado de janeiro a julho, as vendas ainda mostram queda, de 12%. Nos sete meses, 1,1 milhão de veículos, na soma de todas as categorias, foram vendidos no Brasil.
Exportações de veículos sobem 76,3%
As montadoras embarcaram 41,9 mil veículos a mercados internacionais no mês passado, volume que corresponde a um crescimento de 76,3% na comparação com julho de 2021. Frente a junho de 2022, as exportações caíram 11,4%, segundo balanço divulgado nesta sexta-feira pela Anfavea, a entidade que representa a indústria nacional de veículos.
Com o resultado, as exportações de veículos, que têm na Argentina o principal destino, somaram 288,2 mil unidades desde o início do ano, com alta de 28,7% em relação aos sete primeiros meses de 2021.
O levantamento da Anfavea mostra ainda que as montadoras abriram 1,3 mil vagas de trabalho em julho, encerrando o mês com 103,8 mil pessoas empregadas.
Anfavea pede redução de IOF a Paulo Guedes
Apontando não só aumento das taxas, mas também maior rigor dos bancos nos financiamentos de veículos, a direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, reforçou na reunião de quinta-feira, 4, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o pleito pela redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Durante apresentação dos resultados do mês passado à imprensa, Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, disse que, com as taxas do financiamento de veículos aproximando-se de 30% ao ano, o crédito "praticamente sumiu" do mercado, dificultando a troca de carros e, consequentemente, a redução da poluição pela retirada das ruas dos veículos mais antigos. Dessa forma, defendeu, reduzir o IOF tornou-se uma necessidade urgente.
"O IOF é um pleito do setor, sempre apresentamos isso ao governo. O ministro não se comprometeu, mas certamente está analisando. Ontem, durante o encontro que tivemos, ficou muito claro a importância e urgência da redução do IOF ao setor", disse o presidente da Anfavea, que esteve com Guedes ao lado de diretores da associação das montadoras.
A produção nacional de semicondutores, cujas medidas, segundo aguarda a Anfavea, podem ser anunciadas em breve, também esteve na pauta do encontro na tarde de quinta com o ministro.
Segundo Leite, o consumidor paga IOF em três estágios na aquisição de um automóvel. Primeiro no faturamento da montadora para a concessionária, que também envolve uma operação financeira, depois no financiamento do veículo e, por fim, na contratação do seguro.
"A medida corte de IOF pode ser temporária ou definitiva, mas é importante ao setor", disse o presidente da associação das montadoras.
Ao apontar o declínio dos financiamentos de veículos, a Anfavea apresentou nesta sexta-feira números que mostram redução das vendas a prazo para 35% do total neste ano. No ano passado, elas chegaram a bater em 80%. "Isso é um alerta. Passamos essa informação ontem ao ministério da Economia", afirmou Leite.
Conforme o executivo, além da maior seletividade bancária, com os bancos mais rigorosos, por exemplo, nos pedidos de garantia, o maior custo de crédito, dado o aumento de juros, é o principal motivo, mas a alíquota do IOF também "contribui bastante" ao menor volume de financiamentos.