SERVIDORES, QUE GANHAM ATÉ R$ 31 MIL, TENTAM AUMENTO ANTES DA ELEIÇÃO
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Os servidores públicos civis federais aumentaram nas últimas semanas a pressão sobre o governo de Jair Bolsonaro (PL) por reajustes salariais. Numa corrida contra o tempo, já que a legislação impõe prazos para aumentos neste ano de eleição, categorias importantes da administração pública, como as dos servidores do Banco Central, do Tesouro e da Receita Federal, cruzaram os braços ou intensificaram operações-padrão. Os salários de algumas categorias vão de R$ 5.700 a R$ 31 mil.
Categorias ouvidas pelo UOL nos últimos dias disseram que, até julho, a pressão por aumentos vai se aprofundar. Parte dos servidores já está em greve, enquanto outra parcela não descarta parar.
O discurso geral é que Bolsonaro não pode conceder aumento apenas para policiais federais, como havia sido sinalizado em dezembro.
Algumas categorias, como as dos servidores do Tesouro, não chegam nem mesmo a citar um percentual específico de reajuste pretendido: eles querem o mesmo que vier a ser dado aos policiais. A luta é por manter o poder aquisitivo em relação a outras categorias do próprio funcionalismo.
Conforme o advogado Alexandre Rollo, conselheiro em São Paulo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a legislação eleitoral e a Lei de Responsabilidade Fiscal estabelecem regras e prazos específicos para reajustes conforme a época do ano.
As principais datas são as seguintes:
O movimento começou após o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, sinalizar a intenção de reajustar os salários de categorias que fazem parte de sua base de apoio: policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários federais.
Em reação, servidores de outras categorias passaram a promover paralisações, entregas de cargos comissionados e operações-padrão. O movimento se intensificou nas últimas semanas, com o início da greve dos servidores do Banco Central e do INSS.
Banco Central
Em greve, os servidores do BC reivindicam aumento de 26,3% dos salários. Nas últimas semanas, eles já vinham promovendo paralisações parciais, entre 14h e 18h, para forçar uma negociação.
Com isso, o BC deixou de publicar ou atrasou a divulgação de uma série de dados estatísticos. Há ainda atrasos no cronograma de implantação de novas funcionalidades do Pix, além de impactos no monitoramento de sistemas.
Atualmente, um analista do BC ganha de R$ 19.197,06 a R$ 27.369,67 por mês.
Tesouro e CGU
Representados pelo mesmo sindicato, os servidores do Tesouro Nacional e da CGU (Controladoria Geral da União) intensificaram nos últimos dias uma operação-padrão. Uma greve geral não está descartada.
Os servidores do Tesouro marcaram paralisação para a última sexta-feira (1º) e para a próxima terça-feira (5), quando será avaliado a possibilidade de greve. Com o movimento, o Tesouro atrasou a divulgação de relatórios econômicos e, conforme o sindicato, o pagamento de títulos vencidos do Tesouro Direto.
Os funcionários da CGU vão cruzar os braços na quarta-feira (6).
De acordo com Bráulio Santiago Cerqueira, presidente da Unacon Sindical, um servidor desses órgãos no topo da carreira ganha hoje cerca de 90% do que recebe um delegado da polícia federal.
O percentual é, de fato, próximo disso: um auditor federal de finanças e controle ganha até R$ 27.369,67 por mês, perto de 88% do salário de um delegado (R$ 30.936,91).
"Queremos evitar a ampliação do desalinhamento. Como não saiu ainda a medida da segurança pública, é difícil precisar o percentual", disse Cerqueira. "O que circulou informalmente é que a Polícia Federal teria 27%. Então, seria esse o nosso percentual."
INSS
Os servidores administrativos do INSS estão em greve desde 23 de março. Conforme a Fenasps, entidade sindical do setor, a greve está ocorrendo em 19 estados e no Distrito Federal.
Na última quarta-feira (30), foi a vez dos médicos peritos do INSS cruzarem os braços.
Ambas as categorias reivindicam reajuste de 19,99%, para recompor as perdas inflacionárias desde 2019.
Um perito médico federal que trabalha 40 horas por semana ganha, atualmente, de R$ 14.564,68 a R$ 20.756,56. Um profissional de nível superior da carreira de Previdência, Saúde e Trabalho ganha de R$ 5.740,09 a R$ 8.924,74.
Receita Federal
Os auditores da Receita Federal estavam entre as primeiras categorias a reagir, em dezembro, às notícias de que Bolsonaro concederia aumento apenas aos policiais federais. Desde então, eles têm adotado a operação-padrão, com reflexos na fiscalização, exportação e importação de mercadorias.
O presidente do Sindifisco Nacional, sindicato que representa os auditores, Isac Falcão, afirma que a greve não está no horizonte mas a operação-padrão vai continuar.
"Existe a operação meta zero, que está se intensificando. Nela, os auditores não estão cumprindo as metas gerenciais, mas apenas o que a lei manda", afirma Falcão. Com isso, a liberação de mercadorias nas alfândegas, por exemplo, tem levado mais tempo.
Os auditores da Receita afirmam que o movimento busca elevar o orçamento do órgão. Oficialmente, eles não falam de aumento salarial, mas sim de regulamentação de um bônus previsto em lei de 2017.
Eventual regulamentação desse bônus, no entanto, significaria aumento dos valores recebidos pelos funcionários públicos a cada mês. Hoje, os auditores da Receita ganham entre R$ 21.029,09 e R$ 30.303,62.
Procurados para tratar do movimento dos servidores, o Ministério da Economia, a Receita Federal, o Tesouro Nacional, o Ministério do Trabalho e Previdência e a CGU não se pronunciaram.
Com informações da UOL.
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