APLICAÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS CRESCE MAIS DE 500% EM 10 ANOS NO RN
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A aplicação de medidas protetivas a mulheres vítimas de violência cresceu mais de 500% em uma década, no Rio Grande do Norte, segundo dados da Justiça do Estado. O número passou de 932 no ano de 2013 para 5.798 em 2022. Ao todo, o estado teve mais de 28,5 mil medidas aplicadas no período.
Além das sanções determinadas pela Justiça, o estado contou com outras 14 determinadas por autoridades policiais entre 2020 e 2022.
A tendência segue de aumento do uso desse mecanismo legal para proteção de mulheres. Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública, o estado registrou 147 medidas protetivas de urgência entre janeiro e fevereiro de 2023, contra 105 no mesmo período do ano passado. O crescimento é de 40%, no período.
O RN teve pelo menos quatro casos de feminicídio no primeiro bimestre deste ano. Nenhuma das vítimas tinha medida protetiva.
"As medidas protetivas de urgência estão previstas na Lei Maria da Penha e podem ser beneficiadas as vítimas de violência doméstica, seus filhos e seus familiares. A lei traz alguns tipos de medida protetiva, mas não é uma coisa pronta. Não são só aquelas que estão na lei. Não é um rol taxativo. É exemplificativo. Se o juiz ver que tem outra medida protetiva necessária, ele pode aplicar, por mais que não esteja na lei", explica a defensora pública Disiane Costa.
Entre os exemplos mais comuns, há o afastamento do lar, a determinação de manter distância da vítima, bem como a ordem de não manter contato. O juiz também pode determinar que o suspeito use tornozeleira eletrônica, ou a entrega de botão do pânico para a vítima, que pode acionar as autoridades policiais a qualquer momento.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado, atualmente há 18 mulheres com o botão do pânico e 85 agressores monitorados com tornozeleira no Rio Grande do Norte.
Foram essas medidas as aplicadas no caso de uma vítima entrevistada pela Inter TV Cabugi. Nos cinco anos de casada, a mulher, que pediu para não ser identificada, sofreu agressões físicas, verbais e humilhações por cerca de quatro anos e meio.
Algumas das agressões ocorreram quando a mulher estava graQvida.
Para a delegada Paoulla Maués, diretora de Proteção a Grupos Vulneráveis da Polícia Civil, alguns fatores contribuem para o crescimento do registro de crimes e também para a maior aplicação das medidas protetivas.
De acordo com ela, no período de uma década, as mulheres passaram a conhecer mais seus direitos e a legislação. Além disso, a sociedade já não tolera esse tipo de violência como antes. A delegada também considerou que leis recentes como a que obriga os hospitais e condomínios a informarem casos de violência também contribuem no combate aos crimes. Ainda ressaltou avanços no próprio sistema de segurança pública, que passou a abrir mais delegacias especializadas e treinar servidores.
Mais da metade dos casos registrados no início deste ano é de ameaça: foram 752. Lesão corporal foi o segundo crime mais comum no período e deixou 479 vítimas. Outros 147 B.O's foram registrados justamente por descumprimento de medidas protetivas. Todos esses crimes tiveram aumento na comparação com o ano passado.
Os únicos tipos de crimes relativos à Lei Maria da Penha que registraram queda no período foram os de calúnia e difamação, segundo os dados da Polícia Civil.
G1
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