O ABC chegou ao seu 12º jogo seguido sem vitória na Série B do Campeonato Brasileiro. O Alvinegro perdeu do Tombense por 3 a 0, nesta quinta-feira (7), fora de casa. A partida marcou a estreia do técnico Argel Fuchs no comando do time potiguar. Os gols da partida foram marcados por Fernandão, no primeiro tempo, enquanto Matheus Frizzo e Alex Sandro deram números finais ao confronto na segunda etapa. Com a derrota, o ABC segue na última posição do campeonato, com 16 pontos conquistados após 27 rodadas. O time está a 11 pontos do primeiro fora da zona de rebaixamento, o Avaí. Já o Tombense chega aos 25 pontos e pode sair da área de descenso na próxima rodada. O ABC volta a campo na próxima sexta-feira (15), em partida contra o Sport, no Frasqueirão. O confronto está marcado para as 21h30.
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RN TEM A TERCEIRA MAIOR TAXA DE CASOS DE TUBERCULOSE NO NORDESTE
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Historicamente atravessada por variáveis sociais, a tuberculose apresenta taxa de incidência de 37 casos para cada 100 mil habitantes no Rio Grande do Norte. O índice ocupa a terceira posição entre os maiores do Nordeste, sendo inferior apenas ao de Pernambuco (52,8) e Sergipe (38,3). De 2021 para 2022, o número de casos cresceu 27,2% no Estado, saindo de 1.353 para 1.721. No mesmo período, as infecções em pessoas de 20 a 39 anos aumentaram em 150 casos, partindo de 671 para 821. O público corresponde ao mais atingido pela doença e soma 3.037 diagnósticos confirmados ao longo dos últimos quatro anos. No país, o total é de 172.449.
Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) do Ministério da Saúde, tabulados pelo DataSus, e do último Boletim Epidemiológico da pasta referente ao ano de 2022. Neste último caso, o documento aponta que os números foram extraídos e qualificados em fevereiro de 2023, sendo preliminares e sujeitos a alteração. Segundo a médica infectologista Maria do Carmo, o crescimento da doença no Estado pode ser explicado pela demanda reprimida de notificações ao longo dos últimos anos pela ausência de diagnósticos. “A gente está vendo uma explosão acumulada de casos ao longo do tempo que está repercutindo agora para a gente. Porque houve essa lacuna de casos que ficaram represados”, complementa.
De acordo com dados da Coordenação Estadual do Controle da Tuberculose, da Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) e cedidos à infectologista, a taxa de incidência da doença no Estado é de 43,39 casos para 100 mil/hab. O número é maior do que o registrado pelo Ministério da Saúde. De acordo com a especialista, isso ocorre porque os cálculos foram tomados com base na população do Estado segundo o censo 2021. As informações, nesse sentido, vão passar por atualização e mudanças poderão ser observadas.
Para 2023, aponta Maria do Carmo, a expectativa é de aumento no índice. Isso porque os casos represados de pessoas infectadas após a pandemia e que não foram diagnosticadas nos últimos dois anos devem passar a surgir neste ano. Atualmente, de acordo com os dados da Coordenadoria da Sesap, a média de casos notificados por mês no Estado é de 120.
A média de casos anuais no Rio Grande do Norte, por sua vez, vem se mantendo. “Até 2019, o nosso Estado sempre teve uma média de casos novos notificados em torno de 1.200 e 1.300. Então essa é a média de casos novos notificados todo ano no Rio Grande do Norte”, esclarece. Ainda, segundo ela, os números contemplam tanto a tuberculose pulmonar (responsável pela transmissão) quanto a extrapulmonar que ocorre em outros órgãos. Do total de casos, pontua, aproximadamente 800 são de pessoas acometidas com a doença no pulmão.
No recorte por faixa-etária, conforme a infectologista Maria do Carmo, o número de adultos jovens atingidos está associado majoritariamente aos recortes sociais. Estatisticamente, esclarece, o impacto da tuberculose neste público sempre foi uma realidade tanto no Estado quanto nacionalmente. Isso porque a faixa-etária corresponde aos grupos em situação de vulnerabilidade social e privados de liberdade.
Giselda
No Hospital Giselda Trigueiro, referência do Rio Grande do Norte no atendimento de casos graves de tuberculose, o público impactado pela doença é majoritariamente formado por pessoas advindas do Sistema Prisional e mais vulneráveis socialmente. Isso porque, uma vez sendo transmitida pelas vias áreas, o confinamento resulta na infecção e posterior adoecimento. “Se você coloca em uma cela uma população de 100 a 200 pessoas e ali mesmo você tem um doente, imagine a transmissão confinada. A chance é muito maior quando você aglomera as pessoas”, adverte.
Na unidade, além da população vulnerável, também são assistidas as pessoas coinfectadas com HIV. Isso porque a tuberculose é a principal causa de morte em pessoas com o vírus da imunodeficiência humana. Embora não representem a maior parcela dos pacientes, o infectologista André Prudente, diretor da Unidade, explica que o número é significativo. Nesse conjunto, são observados quadros de pessoas que descobriram o HIV em um estágio avançado da doença, abandonaram o tratamento ou por algum fator não o realizam.
O teste para o HIV, apesar de não ser obrigatório, é ofertado a todos os pacientes com tuberculose. O infectologista André Prudente relembra que a maioria da população entra em contato com o bacilo da doença ainda na infância, mas ele fica “dormindo” no pulmão e não se manifesta em boa parte dos casos. Quando a imunidade baixa, problema enfrentado por quem desenvolve a AIDS, o bacilo passa a se multiplicar e provoca a doença. Aliado a isso, outras doenças associadas podem levar ao agravamento do quadro.
Segundo dados do Giselda Trigueiro, o número de pacientes internados por tuberculose no Hospital saiu de 256, em 2021, e atingiu 342 em 2022. A maior parte dos pacientes são de Natal, embora também sejam atendidos pacientes de outras partes do Estado. Os números englobam casos novos, recidivos, reingresso após abandono e pós óbito e foram compilados pelo Núcleo Hospitalar de infectologia.
Lacunas no diagnóstico
Se, por um lado, os dados apresentam progressão, por outro, a tuberculose ainda sofre com lacunas na identificação de casos. O entrave, que reflete-se na imprecisão das notificações levantadas sobre a doença, tem como principal motivação a falta de diagnósticos e impede a chegada de muitos pacientes com padrão de resistência à tuberculose no Giselda Trigueiro. “Esses grupos sociais de maior vulnerabilidade ( pessoas portadoras de HIV e pessoas em situação de rua e privadas de liberdade) precisam ter um foco voltado ao diagnóstico o mais precoce possível”, ressalta Maria do Carmo.
Para isso, continua a infectologista, é preciso que a população, seja ela ou não vulnerável, busque atendimento logo após a identificação de sinais como tosses prolongadas a mais de duas semanas, febre e perda de peso progressiva. Nas Unidades de Pronto Atendimento (Upa’s) e Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), adverte, a chegada de pacientes com quadros sintomáticos avançados da doença já não é incomum. Em muitos casos, o indivíduo está sofrendo com a doença há meses sem ter conhecimento.
A Atenção primária, reforça Maria do Carmo, abriga todas as manifestações leves da doença. Nos casos mais graves, os pacientes são encaminhados ao Giselda Trigueiro. Em relação aos quadros que não são resolvidos nas UBS’s, por sua vez, a assistência pode ser realizada pelo Ambulatório do Instituto de Medicina Tropical (IMT). A tuberculose, vale lembrar, é causada pela bactéria conhecida como bacilo de Koch. Pela literatura científica, conforme a especialista, uma pessoa contaminada pode transmitir a doença a cerca de outros 16 indivíduos. lar de Epidemiologia.
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