Vistas por muitos como apenas um incômodo estético, as varizes podem afetar seriamente a qualidade de vida do indivíduo se não for devidamente controlada ou prevenida. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), mais de 529 mil brasileiras foram internadas para tratamento de varizes entre 2013 e 2022. Pelo menos 145 mulheres são internadas por dia para se tratar de varizes no Brasil. E apesar da maior incidência feminina, homens também podem sofrer com a doença.
No Rio Grande do Norte, em 10 anos, 6.360 internações de mulheres foram registradas pelo SUS. Para o presidente da SBACV do RN, Márcio Villar, tratar das varizes é algo tão importante quanto a saúde como um todo. "Por isso, o Check-up Vascular deve ser feito a cada ano", afirma.
Varizes são veias dilatadas, tortuosas e alongadas nas pernas, pés e coxas. As alterações tornam essas veias visíveis, deixando de conduzir o sangue de forma adequada e causando dores, desconforto, inchaço, formigamento, sensação de cansaço e peso nos membros inferiores afetados. Além de comprometer a rotina de milhares de pessoas, também pode evoluir para situações graves e de difícil reversão.
A doença é causada, sobretudo, por questões hereditárias. Porém, mesmo tendo a genética como o principal fator de risco, o problema pode estar associado também a outros fatores como obesidade, sedentarismo, uso de medicações hormonais, atividade laboral, gestações, e ao avanço da idade. Embora seja um problema que não tem a idade como principal risco, mulheres acima dos 40 anos estão 78% mais suscetíveis às varizes.
Pacientes com idades entre 50 e 59 anos concentram 28% dos casos, já mulheres com idades entre 40 e 49 anos são responsáveis por outros 27% dos registros.
“O mais importante na questão das varizes é a avaliação do angiologista e cirurgião vascular. É o que vai determinar a individualização do tratamento para cada paciente”, ressalta o cirurgião vascular Márcio Villar, presidente da SBACV do RN. O profissional avalia a quantidade de varizes, o calibre, a localização, o grau de influência na qualidade de vida, e importância dos sintomas de cada paciente. A partir daí será organizado uma linha de tratamento.
O tratamento medicamentoso, segundo Márcio, costuma ser utilizado para amenizar sintomas como cansaço, peso, dor e inchaço. Aliada aos medicamentos, está a meia elástica. “Mas para desaparecer com as varizes será necessário algum tipo de intervenção. Seja cirúrgica ou tratamentos ambulatoriais como a escleroterapia e o laser transdérmico associado”, ressaltou.
“Para as pessoas que possuem uma preocupação mais estética com relação às varizes dos membros inferiores, o tratamento ambulatorial realizado atualmente no Brasil é de alta tecnologia e com excelentes resultados”, afirma o cirurgião. Consiste em escleroterapia líquida como também a escleroterapia com espuma e o laser transdérmico. “Na maioria dos casos são varizes iniciais onde o tratamento ambulatorial realizado no consultório tem ótimos resultados sem a necessidade de cirurgia ou de internação”, explica.
A prevalência de varizes nas mulheres, por questões hormonais ou de gravidez, por exemplo, não isenta os homens de se preocuparem com a doença. Eles podem ter os mesmos problemas que elas caso não se cuidem, mas Márcio Villar alerta sobre fatores culturais que atrasam os homens nos diagnósticos.
“Há o fato de que a maioria dos homens tem muito pêlo nas pernas, o que esconde as varizes e não faz disso uma preocupação estética para eles. Os homens só vão ao consultório por causa de varizes quando os sintomas de cansaço ou dor estão incômodos e avançados”, diz. Além disso, acrescenta, é sabido como os homens odeiam ir ao médico e se cuidar.
Cirúrgicas
A empresária Maria Hosana Araújo está em sua segunda cirurgia de varizes. Fez a primeira em 2015, quando passou a ter a sensação de cansaço nas pernas – além do incômodo estético que os vasos salientes lhe provocava. Anos depois, em 2023, teve que fazer a cirurgia novamente.
“Começaram a aparecer manchas no local, um tipo de dermatite resultado da má circulação. Fiz a cirurgia de novo, e pretendo não cometer os mesmos deslizes da primeira vez”, diz.
Hosana confessa que foi negligente em relação aos cuidados com a primeira cirurgia. “Eu sempre fui sedentária, tive dificuldade em manter uma agenda regular de exercícios físicos”, conta. Mas agora vai ser diferente. “Desde fevereiro estou fazendo caminhadas. E em breve entrarei numa academia. Nunca fui fã desses lugares, mas tudo em nome da saúde. Assim me previno até contra um AVC”, conclui.