Durante a sessão ordinária do Pleno nesta quarta-feira (6), o presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), desembargador Amílcar Maia, elogiou a dedicação da desembargadora Zeneide Bezerra, que se aposenta após 44 anos de magistratura, afirmando que ela demonstrou um comprometimento excepcional que ia além das responsabilidades habituais do tribunal.
"A desembargadora Zeneide demonstra disposição para ir além de suas responsabilidades no tribunal. Vossa Excelência possui uma energia que, mesmo após todos os compromissos dentro da Corte, encontra disposição para sair do tribunal, muitas vezes, já tarde da noite, pegar a estrada para participar dos eventos no interior, como o Justiça na Praça e organizar tudo, ir atrás de pessoas que possam lhe ajudar nesses eventos, enfrentar pessoalmente eventuais dificuldades que venha ter. Isso faz com que eu tenha profunda admiração pelo trabalho da senhora", disse Amílcar Maia.
Na última terça-feira, (5), o presidente do TJRN formalizou a aposentadoria da desembargadora.
Em seu discurso, bastante emocionada, Zeneide Bezerra ressaltou a importância do TJRN e dos juízes em reconhecer a responsabilidade não apenas no processamento de casos legais, mas também na gestão administrativa e no aspecto social.
"Nós que fazemos o Tribunal de Justiça potiguar, através dos nossos trabalhos, é uma realidade reconhecida nos tribunais do país e esses tribunais no nosso país e, principalmente, o CNJ, reconhece por vários ministros o que somos, nesse IAP não só de processos, de gestão administrativa, mas desse olhar, desse perfil social, que ele mandou que nós tivéssemos a partir da emenda constitucional, mas que nós já tínhamos, já fazíamos isso há muito tempo. E digo, com muita proficiência, que Jesus disse que não veio para ser servido e sim para servir", explicou.
Ao assumir o cargo na comarca de Touros em 24 de setembro de 1980, durante uma visita à feira local, Zeneide Bezerra percebeu o quanto o judiciário estava distante do povo. "Isso me fez entender a importância de estar próxima das pessoas, uma vez que é o próprio povo que sustenta nossos vencimentos. A partir desse momento, iniciei uma luta em prol da defesa dos mais vulneráveis. A riqueza de vida que percebi na simplicidade daquele homem me ensinou que o verdadeiro significado da vida está na partilha e na superação do egoísmo".
E completou: "A missão de todos nós juízes é bem maior, não apenas nos preocupando com os processos que nos chegam as mães, mas principalmente respeitando os que fazem a sociedade como a única possibilidade de realização e sucesso do ser humano. Eu simplesmente acredito, sem nunca ter perdido o senso crítico, de que nós, juízes, podemos sim reverter a realidade social com as nossas atitudes através do compromisso com a democracia, com a dignidade da pessoa humana, conforme texto constitucional", pontuou.
Formada em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 1973, Zeneide Bezerra ingressou na magistratura em 1980 e teve atuações destacadas nas comarcas de Touros, São Gonçalo do Amarante, Tangará e Ceará-Mirim.
Em 2010, foi promovida ao cargo de desembargadora pelo critério de antiguidade e, desde então, atuou em diversas funções na Corte e fora dela, como na coordenação do Núcleo de Ações e Programas Socioambientais do TJRN (NAPS), que desenvolve ações de grande alcance social nas áreas da cidadania e educação, aproximando o Judiciário da população.
Além disso, foi vice-presidente do Tribunal de Justiça, foi corregedora-geral de Justiça e também esteve no comando do Tribunal Regional Eleitoral em 2015, tendo atuado ainda como vice-presidente na Corte Eleitoral.
